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Entrevista com Rafael Milon, autor do projeto "Pai que Cria".

  • Foto do escritor: qbrand
    qbrand
  • 11 de ago. de 2018
  • 6 min de leitura

A minha homenagem ao dia dos pais, nesse ano, chega antes e vem através de um pai que usou a sua história a seu favor e vem quebrando tabus sobre a paternidade consciente: o publicitário Rafael Milon, esposo da maravilhosa fotógrafa Ana Boel, pai de duas lindas princesas ( Giovanna e Antonella) e autor do projeto Pai que Cria que rapidamente ganhou espaço, respeito e admiração.


Nesta última terça, dia 07.08.18, foi lançamento do site "Pai que cria", com exposição de fotos MARAVILHOSAS da fotógrafa Manu Rigoni, do dia a dia desse pai e uma palestra especial com Dra. Dulce Figueiredo e o Rafael. Nesse dia, o Rafael nos contou que conheceu o pai somente aos 23 anos, mas que nunca se sentiu revoltado por essa ausência, na verdade fez da sua história a mola propulsora para poder ser um "Pai que Cria" com muito orgulho, amor e dedicação. A sua história, para mim, é fonte de inspiração e sabedoria. Sabe aquele velho ditado "fazer uma limonada com o limão que a vida lhe deu", eis a prova aqui. De uma história que poderia ser carregado de dor, o Rafael só plantou e colheu amor.


Quem quiser conferir as fotos do lançamento, clique aqui. Mas é claro que eu fiz uma pequena entrevista com o Rafael, que está super emociante (não esqueça de chamar o papai para ler também), confira:


1. Gostaria de conhecer um pouco mais de você: Conte-nos um pouco da sua história, quem é o pai que cria?

Bom, sou cuiabano, tive uma infância feliz no bairro Goiabeiras, estudei no Liceu Cuiabano e fiz faculdade de Publicidade na UNIC. Me casei aqui e tive duas filhas, a Giovanna (4 anos) e a Antonella (1 ano). Sou fruto de um namoro entre meus pais, que não deu certo, nasci em 1983 e só tive a oportunidade de conhecer meu pai em 2006. Não tê-lo durante a minha infância, nunca foi motivo de revolta para mim mas, isso, com certeza fez germinar na minha personalidade o desejo de ser um EXCELENTE PAI um dia. Eu queria ser aquele pai da porta da escola que nunca tive, das noites de natal, da brincadeira na pracinha, do banho de cada dia.

Então o pai que cria é muito real sabe? Ele não é um personagem, e a sinceridade desse projeto tem servido de inspiração para muitos outros pais mudarem suas posturas, e participarem mais ativamente da vida e rotina dos seus filhos.

2. O que mudou em você e na sua vida após a paternidade?

Tudo. Um filho é um divisor de águas. É uma responsabilidade muito grande trazer uma criança para esse mundo. Embora muitos pais não assumam tal responsabilidade, educar e criar um filho é um enorme desafio. Eu posso dizer que, após ser pai, percebi que as minhas atitudes e muitos de meus comportamentos deveriam ser revistos, porque tudo que fazemos, os filhos tendem a replicar.

Os filhos nos tornam pessoas melhores. Como eu tenho o desejo de ser um excelente pai, decidi não terceirizar a educação das meninas, sendo participativo e interagindo ao máximo com elas ao longo de suas vidas. É fato que muitos pais fazem isso, mas vejo muitos outros deixando os filhos à mercê apenas das mães, ou a cargo de terceiros.

3.Como é a rotina da família? Você e a mamãe dividem as tarefas diárias da casa?

A nossa rotina é bem inconstante, mas fazemos de tudo para manter a rotina das meninas. Crianças precisam de previsibilidade, isso diminui desgaste e ansiedade, sabemos que eles precisam acordar, se alimentar, tomar banho, fazer o soninho, brincar, ir pra escola, e dormir sempre nos mesmos horários. Lógico que nos finais de semana, ou ocasiões específicas isso pode variar mas a nossa intenção é sempre preservá-las.

Minha esposa é fotografa de partos, e trabalha em regime de plantão, então não há previsibilidade de horários, ela sai e chega de madrugada, se ausenta por horas a fio, e eu assumo toda rotina quando ela está trabalhando. Às vezes é uma loucura, pois não sabemos como será o nosso dia amanhã, por exemplo. Mas como dito, a rotina das meninas é preservada. Enquanto estou com elas, eu quem dou banho, coloco para dormir, vou para a cozinha, preparo as refeições, desço para brincar, levo na escola, busco, levo na casa da avó, etc. Me lembro que, quando a Antonella tinha 4 dias de nascida, minha esposa saiu para fotografar um parto. Essa é a profissão dela, e ela se realiza fazendo isso então não tinha porque ela não ir. Lógico que, além da minha participação ativa, só é possível nós dois trabalharmos fora, porque contamos com uma rede de apoio familiar durante a semana. Eu às vezes viajo a trabalho e na minha ausência, minha esposa e minha sogra se dividem para que a rotina delas seja mantida.

4. Como surgiu a ideia do projeto? E qual a informação central?

Sempre me incomodou ouvir a expressão “eu ajudo” a minha esposa. Me incomoda mais ainda ouvir mães falando “meu marido não ajuda” ou “meu marido ajuda”. Isso causava uma inquietude, porque, na minha cabeça, pai não tem mesmo que ajudar, tem que tomar pra si a responsabilidade de criar o filho que colocou no mundo.

Talvez isso seja tão óbvio para mim, por conta da minha história de vida, mas eu não concebo e não entendo, como que alguns pais não participam da vida dos seus filhos, já que é tão maravilhoso e gratificante estar com eles. Não estou aqui para julgar ninguém, como eu falei somos frutos de nossas vivências, mas eu, Rafael, não conseguiria ser diferente. Penso que os pais que não o fazem, estão perdendo uma ótima oportunidade de descobrir a alegria dos pequenos momentos. Perdem ainda, a chance de participar ativamente do desenvolvimento da criança, ocupando o lugar referente a ele, que é diferente do papel da mãe no desenvolvimento psicológico e social do filho.

Com os comentários positivos sobre a forma que eu participava da criação das meninas, decidi compartilhar no instagram meus momentos com as meninas, desde o nascimento, e ajudar outros pais vencerem esse desafio de viver uma Paternidade mais consciente. A adesão das famílias foi muito positiva, em menos de 30 (trinta) dias eu já tinha 1.500 seguidores, comecei receber depoimentos in box de pessoas, principalmente mães, falando das mudanças de comportamento de seus maridos. Então decidi que, além da nossa vivência, eu iria entregar conteúdo para essas famílias. Fiz uma logomarca, contratei uma agência de publicidade, criamos o site, estou produzindo artigos, entrevistando pais participativos que servem de exemplos, e começarei ministrar cursos para pais de primeira viagem. Também comecei a receber fotos de “pais que criam”, em suas rotinas diárias, e decidi publicar essas fotos, com um “troféu” como forma de parabenizar esses pais. As fotos saíram do ar pois estamos fazendo a reestruturação da plataforma mas em breve voltarão. No evento de lançamento do site entreguei “Certificados de Paternidade Consciente” a alguns pais que admiro, tudo com o objetivo de levantar o debate, e instigar nos demais o desejo de ser melhor a cada dia. Espero que os homens se sintam mais encorajados a experimentar as ferramentas que estou apresentando.

Por fim, o “Pai que cria” busca incentivar a participação dos pais na educação das crianças e mostrar que “pai não ajuda”, pai deve participar da criação dos filhos.

5. Como você concilia todas as suas atividades, pai, profissional e, agora, digital influencer?

Eu sempre questionei a cultura patriarcal e equivocada de que “os filhos são responsabilidade das mães”. Quando experimentei a emoção de ser pai, entendi na prática que, minhas filhas são na verdade o maior motivo para eu conciliar os afazeres profissionais à uma paternidade consciente e ativa.

Costumo brincar que uma semana possui 168 horas e eu trabalho apenas 44 horas semanais. Então o pai que usa o fato de “trabalhar fora” como desculpa precisa rever seus conceitos ne? Lógico que as vezes viajo a trabalho e preciso ficar até mais tarde em alguns eventos mas isso é exceção, não é regra. No mais, a nossa vida é bem simples e temos uma rede de apoio.

6. Qual o maior desafio da paternidade?

Criar cidadãos de bem é um desafio tremendo. Sem dúvida alguma, é muito mais fácil prover e sustentar um filho, do que educar.

Aqui praticamos a disciplina positiva, e é preciso muita paciência. Os filhos nos testam o dia todo, e cabe a nós impor limites à eles, educar com amor e mostrar o caminho correto a ser seguido. Espero conseguir realizar bem esse papel. Daqui alguns anos vou saber se consegui ne?

7. Nesse dia dos pais, qual o conselho ou mensagem gostaria de passar para os papais?

Que a vida está passando, que aproveitem melhor a companhia dos seus filhos. Que abandonem um pouquinho o celular e as desculpas, e participem mais ativamente da rotina deles, momentos de lazer são deliciosos mas dar banho e por um filho para dormir por exemplo, é impagável. Por fim, que eles invistam TEMPO na vida de seus filhos, pois lá na frente esses filhos terão lembranças inesquecíveis.



Obrigada Rafael, por ter dedicado o seu tempo e ter compartilhado sua história conosco. Parabéns pelo projeto, desejo todo o sucesso que vocês merecem e o espaço aqui está sempre aberto para vocês.


Através dessa entrevista homenageio todo os papais, especialmente meu pai e meu marido que acredito serem pais que criam também.


Bjocas.


Mila



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