Birra com amor!
- Mila Miranda
- 26 de out. de 2016
- 4 min de leitura

“Acredite ou não, uma das habilidades mais importantes em que uma criança de dois anos está trabalhando é a capacidade de dizer “não”! Até este momento, ela tinha sido quase totalmente dependente de sua mãe, ou de outros adultos que cuidavam dela. Então, de repente, ela descobriu que é separada da mãe. Ela percebe que pode realmente afirmar-se e ter uma vontade própria, e seu cronograma de desenvolvimento a empurra incansavelmente nessa direção. Se pudermos compreendê-los e facilitar para eles, poderemos ajudar a estabelecer as bases para uma infância feliz e para adultos autoconfiantes. Quando estabelecemos limites de maneira firme e saudável, as crianças aprendem que estão seguras. Quando nós respeitamos seus limites e somos compassivos para com os seus sentimentos, elas crescem aprendendo a ter respeito e compaixão pelos outros. Podemos ajudar as crianças a aprenderem que a vida às vezes pode ser frustrante e nem sempre podemos ter o que queremos, mas podemos ter a expectativa de que nossos sentimentos serão ouvidos e respeitados.”

Os dois anos de idade de uma criança é o ápice da famosa adolescência do bebê ou terríveis dois, como é mais conhecido. Arrisco-me a dizer que é uma das fases mais temidas pelos pais, perdendo apenas para a fase da “aborrecência”.
Digo que é o ápice porque acredito que crianças sempre fazem e sempre farão manhas e birras, mudando apenas a forma e a frequência de acordo com a idade. A minha pequena vai completar 04 anos o mês que vem e, ainda, tem os seus momentos de show. Os seus gritos me enlouquecem!
Para passarmos por essa fase de uma forma menos traumática e até mesmo já pensando no futuro, pois o adolescente de amanhã depende da criança de hoje, devemos entender como é o cérebro da criança, pois assim saberemos o quanto eles entendem do que dizemos.
Aos dois anos a criança começa a se perceber como um indivíduo que tem vontades e é puro “sentir”, diferente do adulto que sabe “pensar”. Nesse momento, tudo que eles podem fazer é expressar seu sentimento como eles ocorrem, quando estão felizes, vão dar gargalhadas, quando estão tristes vão chorar e quando forem frustrados irão ter ataques de fúria. Todos esses comportamentos são saudáveis, só temos que criar um ambiente seguro para eles saberem lidar com os sentimentos.
A primeira indicação de que a criança chegou nessa fase é quando diz não para tudo e fica chateado quando você diz não, travando uma batalha entre pais e filhos. Nesse momento, temos que ser capazes de limitar o comportamento quando necessário, mas sempre permitir o sentimento.
Se seu filho quer algo, mas você não lhe dá e ele começa a se machucar ou bater em você, contenha-o! Não permita que ele machuque alguém ou a si mesmo. Ensine-o que o sentimento pode existir e que você respeita, mas tal atitude não pode continuar.
Sofia teve esse tipo de reação uma vez, se jogou no chão e começou a bater a cabeça, imediatamente a abracei bem forte e a contive, esperei pacienciosamente passar a crise e quando ela já estava calma disse no ouvido que eu amava demais para deixá-la se machucar. Ela regalou um olhão, me abraçou bem forte e chorou mais um pouco no meu colo. Nunca mais fez, mas em compensação ficou especialista nos gritos. Rsrsr
Escolhas as batalhas que quer travar com seu filho, guarde os “nãos” para coisas importantes, como segurança, por exemplo. Existem vontades, como ir de pijama para escola, que não vale a pena a luta.
Tente trocar o "não" por "pare", essa alteração no comando faz toda diferença.
Ajoelhe-se para falar com seu filho, mostre que se importa com os seus sentimos, que está ali para ouvi-lo e para ensiná-lo a lidar com aquela emoção. Se coloque no lugar dele, imagine qual seria sua reação diante de uma negativa importante para você, então poderá ajudá-los nos seus sentimentos.
Lembrem-se que ensinar nada tem a ver com castigar.
E, nunca se esqueçam, crianças aprendem com exemplos e não com palavras. Nós pais, somos a única referência e o maior exemplo do nosso filho. Não adianta brigar porque ele não guardou o brinquedo se seu sapato ou sua bolsa está na sala.
Sei que é muito difícil, muitas vezes chegamos exaustos do trabalho e tudo o que queremos é tranquilidade e uma cama para deitar, mas se pensar que seu filho não faz isso porque ele quer, mas simplesmente porque ele não sabe fazer de outra forma e que tudo isso faz parte do desenvolvimento de uma criança, tenho certeza que será bem mais fácil lidar com as situações.
Seu filho não está te enfrentando, tudo que ele precisa é de que alguém que o ensine e coloque limite com amor. Quando o limite é colocado de maneira firme e saudável, as crianças aprendem que estão seguras, quando respeitamos seus sentimentos crescem aprendendo a ter respeito e compaixão pelos outros.
O que nossos filhos precisam saber é que: “Na vida temos algumas decepções, e que não posso ter sempre tudo o que quero. Mas quando estou chateada, minha mãe sabe como eu me sinto e me ajuda a lidar com a minha frustração. Mamãe me ama mesmo quando estou com raiva ou triste, e ela está do meu lado.” (Pat Tongren)
Com amor, Mila.
P.S. para essa temível fase indico o livro “Já tentei de tudo” que explica tudo o que acontece na cabecinha das nossas crianças por idade.
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